Por Bruno Martins
Ele
tem 21 anos, é flamenguista e tem - acredite se quiser - diversos amigos na UFRJ.
Sempre com um sorriso no rosto e com um jeito descontraído, o presidente e
fundador da Atlética de Comunicação da PUC Pedro Treiguer recebeu a reportagem
do Ecos do JUCS em sua casa, no bairro de Botafogo. Na entrevista, falou da evolução
da PUC até a conquista do campeonato geral na última edição, além de ter
explicado e apresentando o seu ponto de vista sobre as polêmicas que envolveram
PUC, FACHA e UFRJ em Vassouras. Sobre a plenária polêmica do ano passado, que impediu as cheerleaders da ECO de entrarem em quadra e até hoje gera revolta na Praia Vermelha, ele diz não ter se arrependido. "Eu acho que eu agiria com mais tranquilidade, talvez fosse mais direto, pediria algo como 'tire as bandeiras', não necessariamente pediria a exclusão da torcida".
Ecos do JUCS
– Quais foram os problemas e desafios para a realização do primeiro JUCS?
Pedro Treiguer
– A ideia inicial era fazer o evento dar certo, tanto que não tinha
muita rivalidade entre as faculdades. O principal desafio da primeira edição foi a aceitação do pessoal, pois
muita gente desistiu de ir no primeiro por achar que não seria maneiro, por não
conhecer o que era o JUCS, por não saber quem estava por trás do evento. E a
parte da organização também foi difícil, a parte financeira foi complicada. O
começo foi duro, não tínhamos ideias dos gastos com treinador, uniforme, hotel,
ônibus. Não sabíamos como seriam os custos do evento. A gente foi aprendendo
tudo isso, e creio que só aprendemos agora, após o segundo JUCS.
EdJ
– Como foi a preparação da PUC, em relação aos times e torcida, para o primeiro
JUCS?
PT
– Foi bem complicado, porque a gente não tinha a divisão entre Atlética e
torcida no primeiro evento. No primeiro JUCS, não tínhamos bateria, o pessoal não
sabia tocar instrumentos, e todo o nosso material ficou pronto em cima da hora. Em relação
aos atletas e aos treinos, não posso dizer que foi ruim, mas pensando nisso
agora, tinha que ter tido mais treino, mais gente. Faltou adesão do pessoal.
Vendo hoje em dia, tenho a consciência de que foi tudo improvisado,
vindo da cabeça da galera.
EdJ
– Após o terceiro lugar geral no primeiro JUCS, o que mudou e evoluiu a
respeito dos times e da torcida de vocês, na sua visão?
PT
– Quando acabou o primeiro JUCS, eu reuni o pessoal uma semana depois e
falei: ‘Acabamos de fazer um JUCS para dar certo, agora vamos fazer um para
tentar ganhar’. Começamos a focar bastante no esporte, com mais treinos e treinadores para as
modalidades. A partir disso, a gente teve muito mais público, mais atletas
querendo jogar, passamos a ter treinos mais completos. Sempre tivemos
treinadores bons, o que é ótimo para atrair atleta, pois ninguém quer treinar
com profissionais que não são bons. Com relação a torcida, alguns membros
(Gabriel Abdalla, Tiago Rodrigues, Luiz Gustavo e Philippe Sarkis) vieram nos
procurar querendo fazer um núcleo da torcida, o que foi uma oportunidade
perfeita de dividi-la da Atlética. Oferecemos apoio financeiro, para fazer os
materiais e outras coisas, mas a responsabilidade seria deles. Ficou bem maneiro.
EdJ
- E por que o nome da torcida de vocês é Milionários? Como foi essa escolha?
PT
– Eu não participei, mas creio que eles criaram um grupo de quem queria
participar da torcida, e começaram a sugerir nomes. E aí alguém do grupo postou
um vídeo da torcida do River Plate, que se chama Milionários, e todo mundo
gostou. E aí não teve votação nem nada, ficou por isso mesmo. Melhor que
Realeza Puquiana (risos). A diferença foi brutal, me surpreendi bastante.
Várias coisas que eles guardaram em segredo até da própria Atlética ficaram
legais. O saldo foi bem positivo.
EdJ
– Qual foi a repercussão, na PUC, de vocês terem sido campeões gerais do JUCS?
PT
– Melhor impossível. Chamou a atenção dos outros cursos que possuem Atlética,
principalmente. Nos tornamos a potência da faculdade, pois a Engenharia nunca
ganhou o InterEng, Direito nunca ganhou os Jogos Jurídicos. Passamos a ter mais
voz na faculdade, atraímos mais atletas no curso de Comunicação. A gente ganhou
mais contato com o Departamento de Comunicação da PUC, que passou a nos apoiar.
EdJ
– Como a PUC vem para o terceiro JUCS?
PT
– Nos esportes, vamos bem. A grande vantagem, em relação ao ano passado, é ser
cabeça-de-chave na maioria dos esportes. Vamos com a mesma confiança do ano passado, sabendo que
pode ser mais complicado este ano, pois nesta edição todos estão indo com o
foco de ganhar de nós nas modalidades que somos campeões, assim como todos
pensam em ganhar da FACHA no vôlei masculino, por exemplo. Na realidade, não
sabemos como todos os times vem para o JUCS. A gente pode estar muito bem nos
treinos, podemos ser favoritos. Mas depois pensamos: “Será mesmo? A gente não
conhece os outros times”. Com relação à torcida, estou bem por fora. Sei que eles estão agitando as
coisas, mas eu realmente não sei como será. Não acho que melhor torcida seja um prêmio de consolação, quem ganha
tem algum merecimento. Não creio que a UFF ganhou por consolação, ganhou porque
foi uma boa torcida. Nós tivemos problemas com punição, a
UFRJ, a FACHA e a ESPM também. As quatro maiores tiveram problemas. Acho
subjetivo porque nem sempre a opinião da galera vai valer, é uma questão da
visão da JC2.
EdJ
– Com quem a PUC tem mais rivalidade e desavenças no JUCS?
PT
– Por questões naturais, com a UFRJ. Começou no primeiro JUCS, quando
ganhamos cinco jogos seguidos. Sabíamos que eles viriam mordidos. No último
JUCS, tivemos mais rivalidade ainda pelo fato de disputar finais em algumas
modalidades, não por motivos burocráticos. A UFRJ ganhou a maioria dos jogos,
em jogos bons, difíceis. O ápice foi no jogo de handebol masculino, onde as
duas torcidas queriam se matar. Ali foi o ponto que estourou a
rivalidade. No primeiro JUCS foi no futsal, com a primeira confusão, mas aquilo
não era uma rivalidade. Mas no jogo de handebol esquentou de vez, tanto que foi
até a plenária. Ali que começou tudo. A rivalidade tem que existir, é uma das
causas principais que leva o pessoal ao evento. Depois da UFRJ, seria a FACHA,
mas não vejo como um grande rival que nem a UFRJ. E com a ESPM, sempre tivemos
uma boa relação.
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Pedro Treiguer, o Rei dos Milionários |
EdJ
– Comente o caso sobre a cuspida que deram na Thalita Berdeville (líder de
torcida da FACHA).
PT
– Estava na torcida e de repente me chamaram. Eu
não entendi nada, e realmente isso tinha acontecido. Acabou que foi um amigo
meu, que é um cara super do bem, fiquei sem entender. Eu fui falar com ele, e
ele estava branco na hora, não sabia o que tinha feito. E ele não sabia o que
fazer, e aí fui falar com ela para pedir desculpas. Ele me chamou e pediu para
ir na plenária comigo, para se desculpar com todos e pedir desculpas para a
Thalita. No fim, ele foi expulso como atleta e eliminado da competição (o rapaz
em questão chama-se Lucas Von Seehausen, atleta do handebol masculino) e não
poderia entrar nos ginásios em jogos envolvendo PUC x FACHA.
EdJ
– E como foi a polêmica envolvendo as cheerleaders da UFRJ?
PT
– Uma coisa que eu acho engraçado e que é mais fácil culpar o outro
do que pensar o que você está fazendo ou como está agindo. Depois do jogo do
handebol, teve a invasão de quadra, teve o (Thiago) Patrick (atleta de handebol
da UFRJ) botando o dedo na cara da menina, mas não vi, nem sei como foi. Após o
jogo, cerca de dez pessoas da PUC vieram reclamar que ‘tinham feito isso e
aquilo’, e eu resolvi anotar tudo isso que me foi passado. Me falaram também
que uma menina tomou um banho de cerveja, que para mim foi a pior coisa, porque
isso não se faz. Anotei tudo isso e e a polêmica do jogo, pois o
jogo terminou e depois voltou, para levar à plenária.
Mas para continuar com a
história, é preciso fazer um gancho com o caso da Thalita, pois a FACHA, na
plenária do dia anterior, tinha pedido a exclusão de toda a torcida da PUC em
jogos contra a FACHA. O motivo foi o seguinte: o (Lucas) Bottino (presidente da
Atlética da FACHA) não queria expulsar a torcida da PUC em nenhum
momento, mas ele não sabia o que pedir como punição, então deram a ideia para
ele de pedir a pior punição possível, para ser votado na plenária. Não lembro
quem deu a sugestão, sei que a plenária defendeu a PUC, falou que não tinha o
porquê de expulsar a torcida, apenas expulsaram o Lucas. E aí, chegando na
plenária após o jogo de handebol, relatei o que tinha acontecido e pedi a
exclusão da torcida inteira da UFRJ em jogos contra a PUC, o que irritou
bastante o (Pedro) Souto (presidente da Atlética da UFRJ).
Eu estava com o Paulo Eduardo (membro da Atlética e atleta da PUC), que
estava super estressado na hora, querendo dar um ponto final na história. E aí
ele contou que a namorada tinha sido ameaçada, e eu pedi que a torcida da UFRJ
não estivesse presente em jogos contra a PUC. Por fim, eis que a JC2 falou que um dos
problemas era o grande número das líderes de torcida da UFRJ, que tinham
permissão para entrar na quadra, mas que pelo fato de serem muitas, acabavam
dando a ideia de que todos podiam invadir.Sendo assim, o (Rafael) Cotta
(representante da JC2) deu a seguinte ideia: autorizar menos líderes de torcida
a entrarem em quadra. E então a Leka (Alessandra Farina, líder de torcida da
UFRJ) respondeu: "Se poucas puderem entrar e tivermos que escolher, então
é melhor ninguém entrar”. E o Cotta replicou: “Aí é com você”. E aí foi
decidido que nenhuma cheerleader poderia entrar em quadra. E o Thiago Patrick,
que foi para cima da menina, pelo o que me contaram, acabou sendo suspenso do
jogo final, pois a plenária encarou o ato como agressão, tratando da mesma
forma que o caso do Lucas. Também teve a questão dos bambus, que não poderiam
mais entrar no ginásio, pelos problemas ocorridos com o nosso banco de reservas
e com a mesa de arbitragem. Mas isso aí foi a própria JC2 que pediu, não
tivemos nada a ver com essa punição. Após esses episódios, tive essa conversa
com vários amigos meus da UFRJ, explicando a situação. Sobre a Leka, a conversa
interna entre as Atléticas foi que ela mandou mal. Não teve pulso, não teve
argumentos e não foi firme. Ela discutiu com o Paulo na reunião e fez o que?
Foi para o pessoal da UFRJ e contou que as cheerleaders tinham sido proibidas
de entrar em quadra. O que é mais fácil fazer? É mais fácil falar que eu tinha
expulsado as cheerleaders do que explicar a história toda. E muitos amigos meus
vieram conversar comigo na festa, me culpando pelo ocorrido, mas eu expliquei o
ocorrido e eles entenderam. E eu fiquei chateado não pela situação com a UFRJ,
mas não queria que meus amigos pensassem que eu tinha sido babaca e nem acabado
com a alegria das meninas, pois eu sei que as meninas da PUC também ficariam
tristes caso acontecesse com elas, pois se prepararam, fizeram coreografia,
produziram uniformes, etc. Mas eu entendo o lado da Leka, ela não fez por mal,
pois é um grupo de líderes de torcida, então ou entram todas ou não entra
ninguém. Eu acho que faria o mesmo, eu apenas explicaria o que tinha acontecido
de fato. Mas a decisão de ninguém entrar foi dela.
EdJ
– Se arrepende de alguma decisão da plenária? Faria diferente?
PT
– Não. Eu acho que eu agiria com mais tranquilidade, talvez fosse mais direto,
pediria algo como “tire as bandeiras”, não necessariamente pediria a exclusão
da torcida. Mas é complicado falar, cada caso é um caso. Sobre o Thiago Patrick,
eu manteria o pedido certamente. Sobre as líderes de torcida, a ideia não foi
minha. Acho que se acontecer algo parecido nesse JUCS, eu agiria com mais
calma, buscaria ver o que teria acontecido.
EdJ
– Espera algum tipo de retaliação por parte da UFRJ?
PT
– Então... (risos). Eu jogo vôlei. O primeiro
jogo é contra a UFRJ, então é o único jogo que eles podem me zoar mesmo. Então,
espero retaliações (risos). Isso é normal. No ano passado, o pessoal que já me
conhece já me zoava bastante, e eu levo tudo na esportiva. Faz parte. Mas com
certeza esse ano vai ser pior para mim (risos).
EdJ
– Como você vê as outras faculdades no próximo JUCS?
PT
– Por incrível que pareça, vejo a UFRJ e a ESPM como os principais rivais. Não
creio que a FACHA vá ser um rival na disputa. A ESPM fez um JUCS muito ruim no
ano passado, porque erraram na logística, fizeram um festão logo no primeiro
dia e muita gente acabou passando mal (risos). s três favoritas são PUC, UFRJ e ESPM, acho que estão no mesmo patamar.
Acho que a FACHA está atrás por causa do chaveamento e pelos problemas
internos, pois tem um grupo interno contra a Atlética atual, e na hora de
treinar ou de ir para o evento, falta união. Mas isso também pode ser uma boa
desculpa para eles chegarem unidos. Mesmo assim, vejo eles correndo por fora. A
CCAA também tem uns times bons. O problema dos outros três (UFF, Uerj e UVA) é
que eles não se inscreveram em diversas modalidades.
EdJ
– E como vê as torcidas?
PT
– Queria muito que a gente ganhasse, claro. Torço muito pelos caras da
organização. Mas é subjetivo, depende muito do respeito da galera com as outras
faculdades e com as outras torcidas. Acho difícil não dar merda, conhecendo o
público (risos). Acho que a UFF vem bem, vem com a torcida legal. Acho que a
UFRJ também vem bem, além da PUC. Além dessas, acho difícil outras virem bem.
Acharia irado se ganhássemos melhor torcida, mas se não ganharmos, não será o
fim do JUCS para nós.
EdJ
– Deixe o seu recado para a galera que acompanha o Ecos do Jucs.
PT
– Para a galera da ECO não tenho nenhum recado (risos). Mas queria dizer que
sou fã do JUCS, acho que é um evento que eu gosto muito de ver crescendo e
quero que cresça sempre. Quero que a galera compre a briga junto com a Atlética,
que participe mais, vá aos Jogos, porque tem muito a crescer ainda. Tenho
certeza que quando eu me formar, o JUCS vai ser outro evento. Nunca podemos
deixar crescer. Tem que ter sempre uma galera botando uma pilha. Esse
provavelmente vai ser meu último JUCS como presidente, não está certo ainda,
mas estamos pensando internamente como fazer. Estou querendo me formar, mas não
quero simplesmente entregar a Atlética. É um processo, tem uma hora que chega o
momento. Mas o recado é que a galera curta muito, que vá para ganhar, que todo
mundo jogue bem, que melhore o evento na parte esportiva, com mais
competitividade, indo mais aos jogos do que nas festas. E que a galera curta o
ambiente, o evento. É um evento muito foda, aprendi muito com ele. Criamos uma família
na PUC, na Atlética são amigos que levarei para a vida toda. Sempre funcionamos
bem e sempre deu certo porque são amigos juntos. Ninguém tem medo de chegar
para o outro e discordar. Depois da reunião está todo mundo reunido tomando uma
cerveja. E que vença a PUC! Se eu me despedir com um bicampeonato, vai ser
bom para mim.